Nunca me interessei muito por biografias, mas existem pessoas na história do nosso País que sempre despertaram o meu interesse. Uma delas é Amália Rodrigues. Ouvir e ler, aqui e ali, umas coisas sobre a sua vida, despertou-me a curiosidade de saber mais sobre o seu caminho. Afinal de contas, esta senhora é um ícone não só para os portugueses, mas para o resto de mundo e sabemos que a sua vida não foi fácil.

Quando foi lançado o livro de Sónia Louro, Amália - O Romance de Sua Vida, pensei logo em comprá-lo, porque via nele a esperança de conhecer e compreender melhor o porquê de tanta amargura e tristeza nos olhos desta mulher. E foi o que aconteceu. Fiquei a conhecer uma Amália jovem alegre, capaz de ir atrás dos seus sonhos, e depois conheci também uma Amália mais adulta, mais culta e por vezes sombria e só. Uma mulher de vida difícil, com constantes obstáculos para ultrapassar. Certamente, existiram momentos felizes e esses são referidos, mas penso que Amália não desfrutou o suficiente.
Um livro realmente muito bem escrito, com passagens surpreendentes e que fazem qualquer um se apaixonar por Amália Rodrigues.
Deixo a última passagem do livro, que para mim, resume tudo.
"Pff! - Amália suspirou, sacudindo a mão no ar. - O mais triste é só o compreender agora - repetiu, por estar constantemente a ser interrompida por Lili e Ilda. - Ter tido o amor sempre a nosso lado e só o reconhecermos no fim da vida, já sem tempo para o desfrutar, é o fado mais triste de que eu me consigo lembrar. E nunca o ter cantado também é triste. Contudo, retiro alguma satisfação por saber que o amor verdadeiro existe. E o meu amor verdadeiro foi o público! Sempre dormi com o medo, mas o meu amor verdadeiro foi o público. - Falou no passado sem perceber porquê. - O meu amor verdadeiro é o público - emendou. - Julguei sempre que não tinha sido amada, eu que preciso tanto de ser amada. E, contudo, foi o público que me amou de verdade. O público é o meu amor eterno - disse, sabendo que naquela noite já não dormiria com o medo."
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