Cuidado com o que deseja...

sinopse
Sophy Winter não é a típica dona de uma casa senhorial. Na verdade, à exceção de muitos sonhos e uns quantos pesadelos, nunca foi dona de nada. Porém, a sua sorte muda inesperadamente quando herda uma mansão no campo. É com o coração rejubilante que vai conhecer a sua herança. E o que vê não é (de todo) o que esperava. Winter’s End foi em tempos uma casa imponente, mas agora está decrépita e (pior!) repleta de excêntricos e infernais habitantes. Sophy - que quase se imaginara a protagonizar uma versão real de Downton Abbey - fica desesperada. Mas o pior está para vir. Quando se espalha a notícia de que William Shakespeare visitara a mansão durante os seus dias de glória, a vila inteira fica de olhos postos em Sophy. Especialmente o sedutor Jack Lewis. Mas estará ele realmente apaixonado por ela… ou apenas na herança, subitamente tão apetecível? Entregue a si própria num casarão repleto de histórias, segredos, pó e (talvez) um ou dois fantasmas, o que deve Sophy fazer?
Infelizmente, não pode sequer contar com Seth, o seu magnífico jardineiro. Seth… tão silencioso e forte como a mais bela das árvores (e que a ignora desde o primeiro dia). Seth… o homem cujo coração ela nunca conseguirá conquistar (disso, Sophy tem a certeza absoluta). Mas a jovem herdeira já deveria ter aprendido a desconfiar da aparente previsibilidade da vida. Tão surpreendente quanto a própria herança é aquilo que está prestes a acontecer.
Vamos lá aproveitar que temos mais um novo autor por aqui. Devo contar-vos que que este é mais um daqueles livros que me chamou a atenção pela capa em primeiro lugar e só depois pela sinopse. Já o li há algum tempo, mas ainda me lembro de como foi difícil voltar a pegar nele depois de ler as primeiras páginas. Foi aqui que ganhei preguiça de continuar e até voltar a lê-lo demorou alguns dias. Na minha opinião, nas primeiras páginas, ou como gosto de dizer A.W.E (antes de Winder´s End), é tudo muito aborrecido, até pensei logo - "mas que história enfadonha!". Depois, quando ganhei coragem e dei uma nova oportunidade, foi até ao fim (para acabar, fiquei um dia até às 6h da manhã a ler, mas pshiu, nao contem a ninguém.)
Quando o interesse começou, foi aí que percebi que a história muda exatamente quando Sophy chega à sua nova casa. É aqui que a história sofre um "up" de 100% e Sophy, que até aqui transparece ser uma mulher amargurada, insegura e até mesmo "secundária", se transforma e se revitaliza. É como se a sua nova vida fosse um catalisador de juventude e energia, tudo aquilo que não vemos no início do livro.
Em relação à história, uma das melhores partes é tentar imaginar este lugar e conseguir transportar-nos até lá. Que casa incrível deve ser. Toda a história e cultura que lá dentro se encontra e aquelas tradições de anos. Sempre que imagino uma casa assim, não posso deixar de confessar que o meu pensamento foge imediatamente para a quase certa biblioteca que deve haver escondida atrás de uma de tantas portas. Altas estantes até ao teto, uma escada para chegar aos livros arrumados bem lá em cima, o cheiro a livros antigos... o sonho de qualquer booklover, não é?
Outro aspeto positivo é, e voltando um pouco àquilo que anteriormente disse, a transformação de Sophy ao longo das páginas. Se no início vemos uma Sophy sem rumo, cabisbaixa, resignada e até mesmo um pouco influenciável e deslumbrada, quando chega a Winter's End e põe mãos à obra, vemos uma reviravolta revigorante e que faz com que o leitor suspire de alívio e se prenda à história de uma mãe forte, decidida e trabalhadora. Das melhores transformações de personagens que li nos últimos tempos. A personificação de uma mulher com M grande, que não se deixa levar por falinhas mansas, que sabe o que é trabalhar arduamente e que não baixa a cabeça por nada, nem ninguém. Sophy soube-se reinventar como ninguém.
Podia dizer também que uma das coisas que menos gostei foram as personagens de Jack e da Tia Hebe, mas não. Confesso que, apesar de controversas e de personalidades menos boas, forma eles a puxarem pela mudança da protagonista e da história em si.
Quanto ao romance de Sophy e Seth, tornou-se muito mais secundário, o que não me chocou. Gostei da maneira subtil com que foi introduzido na história. Tendo o enredo já tantos componentes penso que não fazia falta uma história de amor daquelas demasiado floreadas e arrebatadoras. Aliás, é neste livro que podemos concluir que não é preciso um tórrido romance para se fazer uma boa história. Este tão subtil amor é o que me faz mais feliz, por ser talvez, o começo de uma introdução de novos estilos literários. Estava a pensar agora dar uma oportunidade a policiais, o que acham?