
O que faria se pudesse voltar atrás no tempo?
Um romance tocante e inspirador.
Um rumor circula por Tóquio. Escondido num pequeno beco da cidade, dentro de uma cave, há um café com mais de cem anos. Com uma chávena bem quente, se nos sentarmos no lugar certo, oferecem-nos algo mais: a hipótese de voltar ao passado. Em Antes Que o Café Arrefeça, acompanhamos as viagens de quatro mulheres que procuram regressar a momentos determinantes das suas vidas para os mudar: falar com o namorado que partiu, ler a carta do marido com Alzheimer, ver a irmã pela última vez e conhecer a filha que nunca viu. Mas as viagens no tempo têm condições e riscos… e nada do que façam vai alterar o presente. Uma mesa, um café e uma decisão. Uma história sobre o amor, o tempo perdido e as oportunidades que o futuro nos reserva.
Um dos melhores livros que li nos últimos tempos. E espanto meu que não é um romance. Quem diria que um dos melhores livros do ano seria, para mim, este pequeno livro tamanhas histórias no seu interior?
A maior parte de vocês sabe que leio muito mais romances e é o estilo que me prende mais. Dito isto, achei por bem dar uma hipótese a outros estilos literários, e é aí que entra este "Antes que o Café Arrefeça". Estava em todos os top's que conheço e as críticas eram bastante apelativas.
E quando o assim o é, o interesse desperta e as expectativas vão crescendo. Pode ser mau? Pode! Mas neste caso, as expectativas que já estavam bem lá no alto, conseguiram ser superadas.
Confesso que comecei a medo, mas em dois dias o livro foi devorado, desculpem, lido. Toshikazu tem uma escrita muito leve e direta, prendendo o leitor à história, que, abordando temas mais pesados, se tornam fáceis de encarar e perceber com a ajuda da escrita do autor. Foi também uma boa ideia separar por pequenos contos, este enredo todo ligado entre si. Contos fazem com os leitores não se cansem, nem se sinta assoberbados com tanta informação.
Quanto à história em si, envolve a resolução de assuntos que ficam pendentes no passado e não só... São quatro pessoas, quatro assuntos pendentes e quatro cafés por beber. Das quatro, a última acho que é a mais tocante e a mais envolvente, talvez por ser centrada numa personagem que já acompanhamos desde o primeiro conto. E pode ter sido deixada para último com esse mesmo propósito. Confesso que só fiquei desapontada porque queria mesmo perceber a história da senhora que ficou presa ao passado por não ter bebido o café antes deste esfriar. Quem era ela? Porque motivo quis voltar ao passado? Será que valeu a pena ter-se tornado um fantasma? E estas histórias ficam para a minha, e vossa, imaginação, e na de todos os que leram. Quem vota numa continuação?!
Continua a fazer falta falar de temas, como a morte, doenças terminais, de forma mais leve e despreocupada. Mesmo sendo um livro, pode retratar muitos pensamentos ocultos que nós todos temos. Quem nunca desejou voltar ao passado para ver e falar um última vez com alguém que partiu?
Que bom foi mudar de ares literários, e ir por um novo caminho. Vale a pena arriscar e descobrir novos géneros que nos surpreendam e superam expectativas. Depois do meu namorado, este livro foi, sem margem para dúvidas, o melhor companheiro de viagens que tive este ano!